# 58 - A tese



"Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…"

# 57 - Venus in furs



"Sonhando danças, vigil marcas passo

Vivendo dormes, vives se adormeces
Na caixinha de música em que esqueces
Como um velho, sobre o éter do bagaço.
Oh, em ti rodopias, pobre piasca,
Que sonhas teu compasso visionário,
A falsa valsa, o baile imaginário
Nos clássicos salões da tosca tasca.
E abraços tantos são em que te abraças
Que em sonho lasso o abraço lhe prolongas;
Em aguardente imerso o capitão
Assim aceita os braços de outras braças.
A vida… Porque nela te delongas?
A vida cabe toda num caixão."
Fragmentos de «uma autobiogradia sem factos». De Bernardo Soares. Mas também de outros.
Dia sim, dia não. Dia sim, dia sim. Dia não, dia não. Quando eu quiser.
Este é o momento para o cigarro que não fumo.
Inspirar [fundo], expirar [calmamente].
Ouvir, em vez dos pássaros, o som ordenado das pautas escritas com os punhos dos Homens.
Qualquer relação entre texto e música poderá ser mera coincidência (ou não).




Disclaimer 1: Este espaço serve ao autor para uma "releitura" de trechos de textos literários ao som de peças musicais, numa conexão que poderá parecer não ter sentido para o leitor. Uma explicação poderá ser encontrada após o contacto com o animador do blog. Ou não.

Disclaimer 2: Os textos, registos sonoros e audiovisuais aqui utilizados pertencem exclusivamente aos seus autores originais.

Disclaimer 3: A imagem que ilustra o topo desta página pertence ao magnífico trabalho de Manuel Casimiro.