# 62 - A sul de nenhum norte



(...)
- O público tem sorte, Tudo é do seu agrado: cones de gelado, concertos de rock, cantar, dançar, o amor, o ódio, a masturbação, cachorros-quentes, danças country, Jesus Cristo, patinagem, espiritualismo, capitalismo, comunismo, circuncisão, as bandas desenhadas, o Bob Hope, esquiar, pescar, homicídios, jogar bowling, discutir o que seja. As expectativas são baixas, tal como as experiências. São uma maralha fabulosa.
- Mas que discurso.
- Mas que público.
- Pareces uma personagem do Huxley inicial a falar.
- Acho que estás enganado. Estou desesperado.
- Mas - disse o Hemingway -, os homens tornam-se intelectuais para não se sentirem desesperados.
- Os homens tornam-se intelectuais por estarem com medo, não desesperados.
- E a diferença entre estar com medo e desesperado é...
- Bingo - respondi -, um intelectual!
(...)
Fragmentos de «uma autobiogradia sem factos». De Bernardo Soares. Mas também de outros.
Dia sim, dia não. Dia sim, dia sim. Dia não, dia não. Quando eu quiser.
Este é o momento para o cigarro que não fumo.
Inspirar [fundo], expirar [calmamente].
Ouvir, em vez dos pássaros, o som ordenado das pautas escritas com os punhos dos Homens.
Qualquer relação entre texto e música poderá ser mera coincidência (ou não).




Disclaimer 1: Este espaço serve ao autor para uma "releitura" de trechos de textos literários ao som de peças musicais, numa conexão que poderá parecer não ter sentido para o leitor. Uma explicação poderá ser encontrada após o contacto com o animador do blog. Ou não.

Disclaimer 2: Os textos, registos sonoros e audiovisuais aqui utilizados pertencem exclusivamente aos seus autores originais.

Disclaimer 3: A imagem que ilustra o topo desta página pertence ao magnífico trabalho de Manuel Casimiro.