O ermita caminha apressado
em direção à poalha
onde a refração desponta silenciosa,
o ermita pesa os passos
consciente que dói pisar pedras
e recolhe dentro de si malmequeres
e sonhos principalmente,
deixa-se arrepiar pelo extraordinário
suspeita que sabe e que isso o trama
colide no outro propositadamente
porque há algo tremendo a ligar,
traz na mão rasgões e rabiscos
e traz amor principalmente,
embora manchadas as vestes
há um brilho no peito
uma torre na noite
a mão escancarada a flor seca
a morte anunciando:
caminha despido e sossegado
porque o que rasga a crosta, regenera a carne
porque a solidão abre caminho para o amor.
Porque é talvez um dos meus preferidos poemas da Sandra Santos, "roubado" do seu magnífico Éter.