# 10 - Dia dos namorados







«Os faróis dum avião a dez quilómetros de altitude, e um rumor dos jactos, como um móvel a ser arrastado no andar de cima. O avião vai de Lisboa para um sítio onde é manhã.
Uma vez no campo levámos cinco empadas para dois garrafões de cinco litros e ao fim de um certo tempo não sei se foi o Perneta... ou o Trombeiro ou o Tonel ou talvez o Besta Porca, não, o Pardoca, acho, ou o Banana, um deles, espera, o Parreirita e o Chiclete é que estavam lá, e alguém disse, e às tantas até foi o Jean Valjean:
- Olha um avião lá tão alto.
- E se ele agora explodisse no ar?..
- ... e caísse aqui uma hospedeira intacta!
Se tu caísses aqui intacta.
Muito pouco provável. Todas as estatísticas e números desmentem a possibilidade.»
Fragmentos de «uma autobiogradia sem factos». De Bernardo Soares. Mas também de outros.
Dia sim, dia não. Dia sim, dia sim. Dia não, dia não. Quando eu quiser.
Este é o momento para o cigarro que não fumo.
Inspirar [fundo], expirar [calmamente].
Ouvir, em vez dos pássaros, o som ordenado das pautas escritas com os punhos dos Homens.
Qualquer relação entre texto e música poderá ser mera coincidência (ou não).




Disclaimer 1: Este espaço serve ao autor para uma "releitura" de trechos de textos literários ao som de peças musicais, numa conexão que poderá parecer não ter sentido para o leitor. Uma explicação poderá ser encontrada após o contacto com o animador do blog. Ou não.

Disclaimer 2: Os textos, registos sonoros e audiovisuais aqui utilizados pertencem exclusivamente aos seus autores originais.

Disclaimer 3: A imagem que ilustra o topo desta página pertence ao magnífico trabalho de Manuel Casimiro.