«Toquei o chão do poço
amor
e tenciono chapinhar sem horário
como um pardal distraído no repuxo do parque
Ficas avisada
por trezentos anos-luz
vezes o tempo médio
do primeiro beijo de verão
Vou bater os pés na água
e os meus ombros novos de cortiça
não vão parar de rir
quando o peso roxo da pedra
que sopraste me virar do avesso
direito ao fundo dos céus
Não parto as unhas na parede do poço
Começo a apreciar
esta grave situação
Aqui há musgo-mel
e muita vitamina
O bando de pássaros
que brinca no muro
avisa-me do raio de sol vertical
entre o meio-dia e a uma
Se algum dia sentir fome
amor
convenço o pássaro mais gordo
Que o queres ver voar
às águas doces do fundo»